Desde a quinta série me incomoda uma espécie de angústia, quase inveja, daquela história tão bem aceita socialmente de que as meninas “evoluem primeiro”.
Antes era tudo muito simples. Brinquedos me faziam feliz como, teoricamente, mulher alguma poderia me fazer na vida adulta. Legos, comandos em ação, bicicletas e videogames simbolizavam o par perfeito, num relacionamento onde facilmente eu mantinha o controle. Embora eu destruísse qualquer esperança de preservação de um brinquedo, o que me rendeu o apelido de Cupim de Aço, nenhum G.I. Joe jamais brigou comigo e se recusou a continuar brincando por eu ter perdido a sua pistola de plástico ou quebrado seu dedão.
O mundo adulto me foi revelado, então, à medida que palavras estranhas, tais quais seus significados, bombardearam minha inocência.
Lembro quando alguns meninos orgulhosamente mais velhos vieram me explicar o que vinha a ser “porra”. A velha “porra”, que eu trouxe do berço. Uma das minhas palavras preferidas, segundo eles, seria alguma coisa líquida, que podia ser facilmente comparada com leite e que saía, para desespero meu, da Pitoca dos mais velhos. Oo
Mais tarde, estes mesmos meninos me fizeram descobrir um tipo de processo de nome um tanto assustador: A “masturbação”. Mas que diabo de palavra era aquela? Porra! Não é a toa que logo apelidaram a coisa.
As meninas, nessa fase inicial, nem eram tão mencionadas assim. Curioso, desafiado a crescer, para mim a vibe eram as mudanças. Era saber que meu pinto um dia também conseguiria produzir aquela coisa espetacular com a qual as vacas são tão familiarizadas. Assim, aos poucos, se ia a única fase da minha vida em que eu dominava. A fase assexuada.
Continua...